segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Panorama da eleição do Rio visto da ponte do PMDB - Hélio Fernandes


Lula-Sérgio Cabral-Crivela

A eleição para a Prefeitura do Rio perdeu a condição municipal, se transformou numa batalha federal, com ramificações em 2010. Para presidente, governador do estado e as duas vagas para o Senado. Tudo isso por falta de liderança efetiva, pela importância da antiga capital, e por causa da ambição, às vezes legítima, de alguns personagens.

Como tenho dito, os partidos que eram aliados não são mais, os que pensam que têm apoio servem apenas de massa de manobra, não conseguirão a legenda. Pelo menos se mantêm nas manchetes de jornais, nos noticiários de rádio e televisão. Examinemos com informações privilegiadas, hoje. Que podem não se confirmar, são muitos os interesses.

Como tem o governo do Estado do Rio, o PMDB joga mais do que os outros, Poder é Poder. Quando Sérgio Cabral forçou a entrada de Eduardo Paes no PMDB, disse aqui: ele faz um movimento com a "rainha", acreditando que serve ao mesmo tempo a Aécio Neves e ao presidente Lula. Como jogada política-eleitoral, legítima e até positiva.

Agora, com o enfraquecimento do PT-PT nacional (sem nomes para 2010) e o fortalecimento pessoal de Lula (com possibilidades para esse mesmo 2010), Sérgio Cabral acompanha o Planalto-Alvorada. E quando todos pensam que lançará Eduardo Paes, trabalha para o "bispo" Crivela.

A eleição de um evangélico interessa ao Planalto-Alvorada, Sérgio Cabral foi devidamente comunicado, aceitou. Sua tática e estratégia estão rigorosamente certas, não se desligou de uma possível candidatura Aécio (nem o Planalto-Alvorada) e continua servindo ao presidente Lula, no que significa um acerto de 100 por cento.

É difícil mas não impossível para um governador do PMDB apoiar um candidato de outro partido como é Crivela. Que não pode mudar mais, por causa da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Outro candidato que não desiste é o ex-secretário de Segurança, agora deputado federal, Marcelo Itagiba. Com trânsito aberto com todos os grupos do PMDB, aparece como candidato de conciliação, esperando juntar a Sérgio Cabral o presidente da Alerj, Picciani, o ex-governador Anthony Mateus e o também ex-governador Moreira Franco, há mais de 25 anos importante na legenda, desde que era MDB.

Para Itagiba não é o sonho de uma noite de verão, embora tudo será decidido no outono, inverno e primavera. Se a decisão sobre a Prefeitura do Rio for transferida para Brasília, como acontece no momento, nenhuma chance para o ex-secretário de Segurança. Embora tenha o apoio de Picciani (candidato ao Senado) e aparentemente do ex-chefe Anthony Mateus.

Esse é o quadro dentro do PMDB, com Sérgio Cabral atuando para se reeeleger em 2010 e seguir todos os movimentos inspirados por Lula. Não confundir Lula com o PT-PT, este não tem candidatos para vice, nem a esperança de obter essa vaga.

Essa é a visão do que vai acontecer na sucessão de César Maia, visto da ponte do PMDB. E como o partido está agindo intensamente com o comando do governador, nada acontecerá fora do partido. A não ser que o Planalto-Alvorada mude de direção, o que nem seria surpreendente.

PS - Por enquanto, existem 12 pré-prefeitáveis que nem legenda conseguiram. Dona Frossard foi a primeira a ser lançada, pelo PPS, ela que me dizia há meses: "Ainda é muito cedo, Helio". Pelo visto não é mais.

PS 2 - Depois examinarei o comportamento dos outros partidos e candidatos.

Amanhã

Mais escandaloso que a PRIVATIZAÇÃO foi o "descruzamento" das ações da CSN, do Bradesco, mas o Bradespar permaneceu ilegalmente. Ganharam fortunas.
E o procurador geral da República?
O advogado geral da União?
O consultor geral da República?

Rodrigo Maia
Filho de César Maia, que só o chama de "meu garoto", perdeu duas prefeituras. A do Rio, impossibilitado pelo cargo do pai. A de Niterói, falta de votos.

O senhor Henrique Meirelles, o único ministro (importante ou não) do primeiro governo Lula (vem desde o início, completou 5 anos junto com o próprio Lula), mudou inteiramente o "discurso". Dizia, convicto e empolgado: "Nenhuma crise atingirá o Brasil. Temos 172 BILHÕES DE DÓLARES depositados como garantia, isso representa uma BLINDAGEM que não será destruída". Agora, vai para a televisão, muda tudo, a expressão é a mesma, só que sem tranqüilidade.

BLINDAGEM efetiva, indestrutível, uma argamassa que não poderia ser ultrapassada de maneira alguma, seria fazer exatamente o contrário.

Se pegassem esse 172 BILHÕES de DÓLARES (300 BILHÕES DE REAIS, que é a nossa moeda, o produto do nosso trabalho) e investíssemos tudo em infra-estrutura, assombraríamos o mundo.

Ferrovias, hidrovias, rodovias, saneamento básico, portos, saúde, educação, habitação, criaríamos milhões de empregos, o consumo se consolidaria sem inflação, seríamos grande potência.

Meirelles não está assustado com os processos contra ele. Está com medo que a grande finança, o capital ligado ao FMI, se desatrele dele. Não podemos ficar subservientes à exportação primária, com pagamento demorado e dependendo da importação.

É incrível: há mais de 1 mês revelei aqui, textualmente, que Eduardo Cunha é o deputado mais importante da Câmara. Ainda acrescentei: "O presidente Chinaglia tem pavor do deputado do PMDB". (Ou PSC?).

Como acontece, logo, logo a nota foi transcrita na internet, sem qualquer referência à fonte. Agora, jornais transcrevem a minha revelação, e ainda colocam o que eu disse: "Ele é lobista e coordenador (não falaram chantagista) da pesada".

O filho de César Maia, não podendo ser candidato a prefeito do Rio, mudou o domicílio para Niterói e tenta uma eventual prefeitura, lá.

Provavelmente não confirmará, por estes motivos. 1 - Não é de Niterói nem sabe onde fica. 2 - A impopularidade do pai. 3 - Terá (ou teria) que enfrentar Comte Bittencourt, favoritíssimo. Continuará presidindo o PFL?

Nos últimos 40 anos, as três palavras mais conhecidas e mais pronunciadas no mundo eram papa, Pelé, Coca-Cola. Agora existe uma quarta, repetida diariamente no mundo.

É Amazônia, só que o Brasil não dá a menor importância para essa insistência que é sinônimo de cobiça, ambição, apropriação. Continuamos agindo como se a Amazônia não existisse.

Surpresa na Secretaria de Ciência e Tecnologia, RJ. Ano passado, essa secretaria comprou 31 mil computadores da Invesplan, 68 milhões.

A maior parte do fornecimento em novembro-dezembro antes de acabar o ano já recebia. Compra e venda feita sem licitação.

Os pagamentos, parcelados, feitos pela Faetec, Fundo de Ensino Técnico, Proderj e Secretaria Educação. Dois titulares diferentes, duas destinações, pagamento rapidíssimo e sem contestação.

Manchete equivocada da Folha: "Estrangeiros tiram 1 bilhão e 900 milhões de dólares da bolsa". E dizem que investidores (deveria ser "investidores") retiraram dinheiro do País. E que os países emergentes sofrem com "incertezas".

Em 2007, "investidores multinacionais" tiraram do Brasil 15 BILHÕES de dólares, sem pagar um "dólar furado de imposto". Tudo é lucro, deixaram uma parte aqui, "fabricando" mais lucro fácil e sem incerteza.

O que eles fazem quase que diariamente: vendem na bolsa, compram dólar, tiram a parte que trouxeram, o resto "investem" em títulos do Tesouro, garantem: "É o melhor que existe". É evidente.

Estão sempre fazendo isso. É jogatina planejada, já ganhou a identificação de "capital-motel", por facílima compreensão. Chegam pela manhã, dão uma "transada", se satisfazem, vão logo embora, como no verso do Noel Rosa sobre Vila Isabel.

O boicote ao pagamento de IPTU começou pelos moradores das ruas Timoteo da Costa, Sambaíba, Visconde de Albuquerque e outros bairros. Tudo noticiado aqui, com exclusividade inicial.

Esses lutadores que protestavam da forma que "sensibiliza" o prefeito diretamente informavam: "Várias associações de moradores estão entrando nessa luta, é um protesto generoso".

Agora, para satisfação geral, e com aplausos de toda a cidade, vários jornais estão dando cobertura ao fato, noticiando o boicote e apoiando a luta de todos. O Rio está abandonado.

E não se trata apenas de segurança, embora este seja o item de maior repercussão. A cidade está suja (apesar do trabalho dos competentes garis), escura, totalmente sem comando.

Nem de longe a população admite deixar de pagar. As associações, competentes e importantes, estão conduzindo tudo para pagamento em juízo. É preciso que o alcaide-factóide-debilóide compreenda.

É o último ano de César, são 16 anos de tormento e balbúrdia. O fato de César Maia ter desfeito o aumento do IPTU de 100 mil cidadãos não modifica as coisas. O IPTU continua alto e a cidade abandonada.
XXX

No sábado, Federer, número 1 do mundo e tentando manter a condição, enfrentou teste dificílimo, o maior dos últimos tempos. Precisou de 4 horas e 27 minutos, 85 games, 5 sets, para passar às quartas. E só ganhou mesmo quando o adversário, em 8 a 8 e 40 a 0, perdeu o game e o jogo. Mas foi impressionante. Faltam 4 vitórias para garantir a posição de número 1 ou que Nadal seja eliminado.

Venus e Serena Williams passaram para a quarta rodada na Austrália. Venus facilmente, Serena com dificuldades em todos os jogos, parece cansada. Particularmente está no melhor momento da vida.

Neste Aberto da Austrália, 3 jogos foram para o 5º set, com mais de 4 horas, incluindo o de Federer, já citado. Mas até agora o jogo mais emocionante foi o de Hewitt e Baghdatis, 4 horas e 50 minutos, maravilha.

No quarto set, Hewitt sacava em 5/1 para fechar o game e a partida, perdeu o jogo, foi para o 5º set, vitória sofrida do australiano. Nota 10 para os dois tenistas que se abraçaram longamente, demonstração de esportividade. Nota 0 para a torcida. Não deixava Baghdatis jogar, vaiando-o. Três torcedores foram retirados pela segurança.

http://www.tribuna.inf.br/coluna.asp?coluna=helio



Nenhum comentário:

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.