PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), "oficializou" a sua tentativa de fazer de Márcio Lacerda (PSB), secretário de Desenvolvimento Econômico do governador Aécio Neves (PSDB), o candidato comum de petistas e tucanos à Prefeitura de Belo Horizonte, que está sob controle do PT por quase 16 anos.
A espécie de oficialização da aliança se deu na forma de um café da manhã na casa de Lacerda, ontem. Pimentel levou ao encontro alguns secretários da prefeitura e lideranças do partido na Câmara Municipal, Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. A intenção foi apresentar o secretário de Aécio aos petistas.
Durante as conversas, não foi colocado pelo prefeito que Lacerda seria o nome defendido por ele para disputar a sua sucessão com o apoio do PT. Discutiu-se apenas a manutenção da aliança do PSB com o PT, embora o simples gesto de Pimentel de levar os petistas tenha deixado a posição clara, no relato de alguns participantes do encontro à Folha.
A união de PT e PSDB em Belo Horizonte interessa a Pimentel, que fortaleceria sua pré-candidatura ao governo de Minas em 2010, até com o apoio de Aécio. E interessa a Aécio porque ele buscaria reforçar a sua pré-candidatura à Presidência em 2010 passando a imagem de que é capaz de angariar apoios até no PT para um eventual governo nacional.
Nesse cenário de intenções, o nome de Lacerda, empresário do setor de telecomunicações, surgiu por ser tido como técnico que trabalhou no governo Lula, levado pelas mãos do ex-ministro Ciro Gomes (foi secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional), além de ser o seu partido da base de apoio ao prefeito. Por outro lado, é secretário de Aécio, a quem o PSB também apóia.
Mas não há no PT nenhuma garantia de que Pimentel conseguirá viabilizar essa dobradinha com Aécio.
A liderança da bancada do PT na Assembléia Legislativa divulgou hoje nota para dizer que criou comissão para debater a questão, e fez coro também com o pensamento do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
Patrus defende que um nome do PT não pode ser descartado de imediato pelos 16 anos do partido no comando de Belo Horizonte. Um nome defendido no PT mineiro para concorrer à prefeitura é o do ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
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