quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Prefeitura do Rio: candidatos no palco



Pesquisa do Datafolha sobre as eleições para a Prefeitura do Rio no ano que vem, publicada na edição de 9/12 da "Folha de S. Paulo", iluminou o palco inicial da disputa selecionando os que se encontram melhor situados, no momento, e os que apresentaram índices mais baixos.

Marcelo Crivela, com 15 pontos, patamar que sempre obtém, divide a liderança com Wagner Montes, PDT, que atinge o mesmo percentual. Uma surpresa para mim a colocação do repórter da TV Record. Inclusive bastante curioso o empate entre o apresentador e o senador do PRB, este um dos proprietários da rede em que aquele trabalha, a segunda em audiência no Ibope, derrotando o SBT e só perdendo para a Globo.

Mas há um detalhe: Crivela não descerá do andar em que se encontra. Wagner Montes é uma incógnita. Sobretudo porque seu destaque no levantamento poderá causar sua saída do programa diário do qual é titular. Sua presença na tela é que lhe assegura os 15 por cento das intenções de voto. Ele a ocupa bem.

Em segundo lugar, apenas 1 ponto atrás, a ex-deputada Denise Frossard, com 14 pontos. Ela derrotou Crivela nas eleições para o governo do Estado em 2006 e perdeu no segundo turno para Sergio Cabral.

Cinco degraus abaixo da juíza, empatados com 9 pontos cada um, Jandira Feghali e Eduardo Paes. Em seguida, Chico Alencar, do PSOL, com 7. Solange Amaral, do DEM, com 6. Os demais presentes na pesquisa apresentaram índices mínimos.

Quatorze por cento não se mostraram inclinados, hoje, a escolher qualquer candidato. Quatro por cento não souberam responder. Mas há distorção na pesquisa, a meu ver causada por uma lacuna. Falta alguém do PSDB, cujo candidato será escolhido entre Otávio Leite e Luís Paulo da Rocha. O Datafolha não incluiu nem um nem outro. Pois não é provável que tivessem menos de 1, já que o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, aparece com um por cento.

Otávio Leite e Luís Paulo teriam que alcançar mais pontos que Lessa. Eduardo Paes, que trocou o PSDB pelo PMDB, atingiu 9 exatamente porque (esta a distorção) não foi colocado nenhum representante da legenda tucana.

Seja lá como for, a pesquisa está boa e acentua a dificuldade colocada à frente de Eduardo Paes, candidato de Sergio Cabral, e o caminho difícil para Solange Amaral, candidata do prefeito Cesar Maia. Paes, por exemplo, terá que superar a divergência entre as correntes do atual governador e de Anthony Garotinho. Jandira Feghali, do PC do B, é prejudicada pela candidatura Chico Alencar, que divide as correntes da esquerda.

De outro lado, projetado o quadro de hoje para daqui a dez meses, observa-se uma dúvida quanto ao segundo turno. A perspectiva mais provável, penso eu, é o confronto entre Crivela e Frossard. Isso porque seus índices devem se manter no atual patamar ou mesmo subirem um pouco. Se a ex-deputada pelo PPS, como ocorreu no ano passado, estará bem colocada nas classes médias, ou seja, na Zona Sul, Tijuca e Grajaú, redutos da antiga UDN no Rio. Sua bandeira é a da segurança, e mensagem mais oportuna não há.

A insegurança no Rio transformou-se em verdadeira calamidade, uma ameaça permanente a todos. Wagner Montes, como disse há pouco, depende de sua imagem na tela da Record. Eduardo Paes fica condicionado ao julgamento da atuação de Sergio Cabral. Jandira Feghali para subir depende de Chico Alencar descer. Este na cidade do Rio, hoje, o panorama visto da ponte para as eleições de amanhã. Quem seria o nome do PT? Não aparece ninguém.

O Datafolha pesquisou também os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Na capital paulista, o plano está mais nítido. Geraldo Alckmin desceu 4 pontos em relação ao levantamento de agosto. Mas mantém a frente com 26 por cento das intenções de voto. Marta Suplicy subiu 1 ponto: está com 25. Não há dúvida quanto ao segundo turno. Gilberto Kassab, atual prefeito, aparece com 13, Maluf com 11.

Marta terá que deixar o Ministério do Turismo no final de março e ser a candidata. O PT, neste caso, precisa dela. Não possui outro nome e o partido do presidente Lula não pode entregar o maior reduto eleitoral do País sem pontuar razoavelmente. Seria um desastre para a legenda com reflexos envolvendo o horizonte nacional de 2010. Não pode recusar. Deve perder para Alckmin, como o Datafolha projeta, mas sua recusa seria ainda pior. Ficaria sem condições políticas de permanecer na pasta. A simulação para o segundo turno aponta 53 para o ex-governador, 39 para ela. Mas o que poderá fazer?

José Serra não tem como deixar de apoiar Alckmin, que inclusive é de seu partido. Além disso, o mais importante é que a vitória de Geraldo Alckmin é fundamental para a decolagem de sua candidatura à sucessão de Lula. Em matéria de eleições municipais, apenas três prefeituras podem apresentar repercussão nacional: Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Na capital mineira, é alta a popularidade de Fernando Pimentel, mas, já reeleito, é inelegível para 2008.

Terá que apoiar Patrus Ananias contra o ex-goleiro João Leite, do PSDB. Pimentel é um nome forte no PT para o governo de Minas Gerais daqui a três anos. Vem acumulando vitórias. E Aécio Neves? Apóia João Leite?

Disputará a convenção nacional dos tucanos com Serra, ou transfere seu endereço para o PMDB, como já insinuou o presidente Lula? Um enigma que caberá ao tempo decifrar. Aécio tem até 2009 para decidir seu rumo. Não vai se antecipar.

Fonte: Tribuna da Imprensa Online

http://www.tribuna.inf.br/pedro.asp

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.